quarta-feira, 18 de março de 2009

A perder de vista a greve continua

Caros amigos leitores, não sei se todos sabem, mas sou professora de Jornalismo da Ulbra de Palmas/Tocantins. Muitos de vocês devem saber que a Ulbra não está nos pagando em dia. Até hoje nada de 13º salário, nem férias (janeiro) e nem previsão alguma se receberemos março em dia. O fevereiro foi pago talvez por ser o salário mais baixo que tínhamos para receber. Sem contar que desde agosto convivemos com os atrasos constantes e a incerteza de quando nossos salários seriam pagos.

Mas vamos lá. A Ulbra (Universidade Luterana do Brasil) está esquecendo um dos princípios básicos da cidadania que rege que todo cidadão tem DIREITOS e DEVERES. Os nossos deveres como professores foram cumpridos, porém, não estamos conseguindo cumprir nossos deveres de cidadãos que pagam contas, impostos, aluguéis. E sabem por que isso??? Simplesmente porque nossos direitos não estão sendo respeitados. O direito de receber salários em dia em reconhecimento do trabalho realizado e do cumprimento de nossas cargas horárias.

Muitos professores já foram embora porque dependiam exclusivamente da instituição. Voltaram para a casa dos pais, venderam carros, aparelhos domésticos, entraram no SPC, SERASA, perderam cheque especial, perderam créditos com prestadores de serviço. Só está faltando perder a alma. Porém, ganhamos algumas coisas: vergonha, insegurança, angústia, aflição, desmotivação, desestímulo e a fama de baderneiros e folgados já que nossos alunos acham que em plena greve ficamos em casa esperando a solução chegar de helicóptero.

E, nesse meio tempo, vem uma proposta indecente da instituição de recebermos nossos atrasados em 6 vezes e as multas em 9 vezes. E sabe qual é a nossa garantia nisso tudo???? A palavra do diretor!!!!!! Tem que rir prá não chorar né gente. Confiança é algo que é construído e não imposto.

Bom, por aí vai. Agora nos vestimos de preto e colocamos nariz de palhaço. Fazemos apitaços pelos corredores da universidade e tentamos convencer os não grevistas de que a nossa causa irá beneficiá-los também. Embora sabendo disso, persistem em entrar em sala de aula e fazer de conta que está tudo bem. Talvez para eles sim.

Enquanto isso, vamos construindo novas amizades em meio a um grupo grande de professores que se solidarizam um com a dor do outro. O aprendizado numa situação dessas é imensamente maior que quando em causas menos sofríveis. Aos que estão na luta por nossos direitos ficam os meus parabéns. Aos que não estão, fica o desejo de que nunca ninguém, nem vocês mesmos precisem utilizar de suas próprias forças.

Um abraço e até segunda que vem, em uma nova Assembléia.