quinta-feira, 29 de julho de 2010

Quem nunca deixou o Alonso passar?

Muito se discutiu e ainda se discute sobre a última corrida da Alemanha de Fórmula 1 quando Felipe Massa deixou o companheiro da Ferrari, Fernando Alonso, passar e vencer o GP. Uns acharam covardia do Massa, outros acharam sacanagem da Ferrari e outros, ainda, acharam mau caratismo de Alonso. A mesma Ferrari fez isso com Rubens Barrichello quando este deixou Michael Schumacher passar há alguns anos atrás.

Mas agora eu pergunto: quem de nós já não “deixou o Alonso passar”? Sim, todos deixamos, quase todos os dias. Situações do dia a dia nos colocam em cheque. Chefes, companheiros, familiares. Em nome do bem estar, muitas vezes abrimos mão de nossas pequenas vitórias diárias para beneficiar outras pessoas, geralmente, pessoas que amamos.

Pais e mães querem o bem estar de seus filhos e, por isso, deixam de lado alguns desejos próprios em benefício da sua prole. Avós fazem qualquer coisa pelo sorriso de seus netinhos. Casais apaixonados, às vezes, fingem satisfação total no relacionamento só para receber o carinho gostoso no final de um dia cansativo onde não há espaço para discussão.

No trabalho, quantas vezes deixamos uma bronca se perder no decorrer das horas só para conseguirmos cumprir com nossas obrigações sem grandes traumas. No trânsito, deixamos os mais apressadinhos passar para não termos que nos irritar ou presenciar cenas deprimentes.

Pessoas da paz geralmente deixam o “Alonso” passar. Isso não quer dizer, necessariamente, que ter paz signifique deixar tudo passar ou deixar tudo para trás. Quem não quer vencer? Quem não quer ser o centro das atenções? Quem não gostaria de ser referência nas coisas que realiza?

Alguns de nós não temos perfil de campeão. Alguns de nós nascemos para ser coadjuvantes. Alguns de nós sempre seremos Massa, outros sempre serão Alonso. Isso, porém, não nos faz melhores e nem piores. Isso apenas nos faz seres humanos.