domingo, 19 de outubro de 2008

Polícia altamente preparada?

Pois é meus caros leitores, e vocês já pensaram se a polícia de São Paulo não fosse preparada? De repente Eloá ainda estaria viva, não é mesmo?

Começo esse texto lançando essa reflexão porque já fiz todos os esforços possíveis para entender o que aconteceu nesse cárcere privado em Santo André que, depois de 100 horas, acabou de maneira trágica, com as duas meninas de 15 anos Eloá e Nayara, baleadas e com o ex de Eloá preso, sem maiores ferimentos.

Lindemberg (o ex) sofria por amor. Quem de nós já não sofreu por causa de um fora né. Mas ele foi além. Já que estava com o seu coração machucado, resolveu machucar a causadora de sua dor. Enfim, não vou contar o que aconteceu porque vocês já foram bombardeados pela imprensa relatando o caso.

O que eu quero aqui é falar da polícia. Uma polícia munida de uma “inteligência” fora do comum. Uma polícia tão inteligente que chegou ao ponto de devolver uma refém já libertada para o cativeiro para ficar novamente com uma arma apontada em sua direção.

O que será que eles pensaram? Que uma menina de 15 anos poderia assumir a responsabilidade de negociar com um louco apaixonado e doído de tanto amor? Talvez eles não se sentissem mais aptos a fazer o serviço deles e estivessem querendo seguir o conselho do próprio seqüestrador quando mandava o negociador dizer que estava cansado. Lembrei-me do sábio capitão Nascimento falando para o 02 “Pede prá sair”...parece até piada.

Mas nesses últimos dias só se ouvem justificativas de todos os lados. Uma delas é que esse grupo especial é um dos mais bem sucedidos no que se refere à negociação com reféns. Parece que já conseguiram 43 libertações com vida. Mas eles mesmos admitem que com o mal de amor é mais difícil de lidar.

Aí fico pensando: “será que eles nunca sofreram por amor?” Acho que eles sofrem é com o salário, com a falta de preparo, com a falta de sensibilidade e, perdoem-me seus “puliça”, pela falta de sensibilidade ao devolver a refém ao seqüestrador.

A hipótese do sedativo foi descartada porque Liso desconfiaria e perderia a confiança na equipe. Inclusive disseram que não poderiam fazer isso sem prescrição médica pois é o tipo de medicamento que pode dar reação alérgica. Gente, isso poderia ter salvo as meninas e o próprio seqüestrador de um trauma maior.

Nayara sobreviveu e se recupera bem, mas certamente nunca vai esquecer o que aconteceu. Eloá se foi e seus órgão serão doados (tomara que quem ficar com o seu coração não sinta a angústia que ela deve ter sentido) e Lindemberg que poderia ter pego apenas 1 ano e meio de cadeia vai perder toda a sua juventude enclausurado e vai se tornar um verdadeiro bandido de fato (isso se não derem um jeitinho de acabar com ele na prisão mesmo).

Mas a impressão é que a polícia altamente preparada de São Paulo não fez essa análise. Explodiram uma porta que tinha uma mesa impedindo a entrada. Isso possibilitou os disparos que, por conseqüência, causaram a morte de mais uma jovem inocente.

Simplesmente é o tipo de assunto que me provoca uma revolta sem fim. Não se pode brincar dessa maneira com vidas humanas, com pessoas inocentes. Um crime passional que poderia não ter maiores conseqüências, agora transformou um jovem apaixonado em um bandido abominável.

E agora eu pergunto: a culpa é de quem? Se conseguirmos responder a essa pergunta antes dos próximos 30 anos em que o seqüestrador ficar cumprindo pena, já é um bom começo.

domingo, 12 de outubro de 2008

O que fazer com essa tal liberdade?

Meus amigos, ouve-se muito o conceito "liberdade de expressão" por aí. Define-se liberdade de expressão como sendo o direito de manifestar "livremente"opiniões, idéias e pensamentos. Basicamente, este conceito está inserido nas atuais democracias onde, teoricamente, a censura não deveria ter respaldo moral.

Ótimo. Lindo conceito!

Porém, esse direito que nos foi assegurado pela Constituição de 1937, foi perdido durante a Ditadura Militar. Antes dela, Getúlio Vargas não extinguiu a liberdade de pensamento, mas criou uma lei de imprensa onde a colocava como criminosa se não seguisse as normas estabelecidas.

Durante a Ditadura, esse direito na sua totalidade foi extinguido de nós, cidadãos que só foi retomado com a Constituição de 1988, quando um regime maquiado como DEMOCRACIA passou a vigorar novamente no nosso país.

Mas vamos lá. São 20 anos de Constituição. E não devemos acreditar que a liberdade de expressão realmente existe. Princicipalmente na imprensa. Nós, jornalistas, ainda somos "vigiados" em nossos textos. As empresas onde trabalhamos querem ver o que opinamos antes de aprovar sua publicação. As instituições para as quais pertencemos nos cobram posicionamentos que convenham a elas. Muitas vezes (e muitas mesmo) precisamos nos adaptar ao pensamento e à conduta de nossos mandantes para não perdermos aquele salário que paga as nossas contas.

Por conta disso, e para cobrir essas "recomendações", criou-se uma outra expressão: profissionalismo. Ou seja, se você for realmente um PROFISSIONAL você deve aceitar o que estão lhe impondo.

E o direito a livre expressão? Se eu não sou um profissional, quer dizer que também não posso ser um ser humano com minhas próprias visões e opiniões sobre a sociedade, a política, a vida como um todo? Até onde realmente somos livres?

Levando-se em consideração que a liberdade de expressão passou a ser vigiada pelos regimes políticos, será mesmo que a política que se faz hoje é algo que valha a pena? Vivemos em um país onde o Presidente da República manda tirar do ar um comercial de televisão, onde a justiça proibe a publicação de livros, a divulgação de músicas e a realização de shows. Isso não é censura? E a tal da democracia?

O verdadeiro princípio democrático tem um elemento indissociável que é a liberdade de expressão. Em contraposição a isso, existe a censura que representa a supressão do Estado democrático.

Para o nosso querido amigo de todas as dúvidas Aurélio, liberdade é a faculdade de cada um decidir ou agir segundo sua própria determinação, podendo agir no seio da sociedade organizada. Também está relacionada a confiança, familiaridade, intimidade. E o que fazer com ela se somos vigiados?

Aliás, o conceito de liberdade vigiada é adotado para presidiários que ganham suas liberdades condicionais e, por isso, não é uma liberdade plena.

Não vivemos entre as grades de uma prisão, mas o que se mostra todos os dias é que estamos vivendo nos limites das grades sociais e políticas que tanta gente defende e aceita como sendo DEMOCRACIA.

O grande Renato Russo já perguntava "Que país é esse?". Eu agora lhe pergunto: "Que liberdade é essa?". Uma liberdade enfeitada de nuvens brancas que, na verdade, escondem os mais negros temporais que trazem consigo trovões e raios que têm como ponto final o cidadão comum, o cidadão de bem que, por não ver maldade nas coisas, acredita que para ter profissionalismo precisa baixar a cabeça e aceitar as imposições que "a vida" lhe propõe.

É uma farsa acreditar que estamos livres no Brasil. Já diz o hino do meu querido Rio Grande do Sul: "Mas não basta prá ser livre, ser forte, aguerrido e bravo. Povo que não tem virtude, acaba por ser escravo".